FISSURAS

Abril 16 2010

Começou com um aviso. Um vulcão entrara em erupção num país já fragilizado economicamente, que se via agora acossado por um fenómeno natural com consequências sem precedentes. Islândia. O poço de uma civilização a quem declararam bancarrota e que se vê envolvida, agora, na origem de uma erupção vulcânica no seu próprio território. O vulcão expele cinzas que formam uma nuvem de proporções incomensuráveis, nuvem essa que se vai alastrando por toda a Europa. Resultado: voos cancelados, milhares de vidas afectadas. Porque a máquina, essa, não é perfeita. E o caos assome quando uma peça sai fora da engrenagem. Incidentes podem causar graves danos. Sobretudo quando o homem ainda não aprendeu (nem poderá fazê-lo, assim o creio) a controlar uma máquina mais poderosa do que a que ele próprio criou. E mais uma vez o ser humano se vê prostrado perante o lugar de onde provém: a Natureza, eterno deus, perante o qual ainda não aprendemos a prestar a devida vassalagem.

publicado por Catarina Pinho às 13:37
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Março 11 2010

Já li, em diversos jornais, crónicas não pouco arrebatadas que têm como base a mais recente investigação levada a cabo pela Secção Portuguesa da Transparency International. O estudo intitula-se "Corrupção e os portugueses: Atitudes, práticas e valores" e serve de âncora à estupefacção generalizada, originada por dados relevantes: os resultados, apresentados pelo investigador Luís de Sousa, dão conta do facto de que os portugueses são coniventes com a corrupção; isto é, apercebem-se da sua existência, e condenam-na oficialmente, mas, na prática, não oferecem outra resposta que não a passividade, acabando mesmo por pactuar com ela, em actos como as famosas "cunhas" ou até em casos mais graves, como subornos, conforme adiantou Luís  de Sousa à agência Lusa. Co-responsáveis pelo funcionamento e manutenção do sistema? Cada um tire as suas próprias conclusões.

 

publicado por Catarina Pinho às 15:05
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Fevereiro 18 2010

  Muito se tem falado de "liberdade de expressão". Independentemente do real cenário que estejamos a enfrentar - porque até agora, não se trata, nada mais nada menos, do que uma nuvem dispersa sobre diz que disse, sobre acusações - infundadas ou não, não o sabemos, a justiça o determinará - o fundamental é conseguirmos atingir esse estádio tão simples mas ultimamente tão longínquo - o respeito mútuo. E isso passa por, sempre que opinamos, clarificarmos as justificações que tal juízo de valor comporta. Isto porque a liberdade não pode ser vista de forma alienada, como um direito perdido num saco dos curtos benefícios a que, pensamos, ainda nos dão acesso. Esta deve ser encarada como um desafio, de forma a fazermos mais e melhor; devemos apontar os erros, é certo, mas aprender também a reconhecer o que de correcto se faz. Para que saibamos ajustar, com justa medida, os dois pratos da balança.

publicado por Catarina Pinho às 16:17
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Janeiro 13 2010

 

 Imagem retirada da página redbullairrace.com.
Se não aparecerem patrocínios suficientes que permitam angariar 3,5 milhões de euros necessários à realização do evento, esse dinheiro será pago pela Câmara de Lisboa (50%), pela de Oeiras (25%) e pelo Turismo de Lisboa (25%).
Já no que diz respeito as autarquias de Porto e Gaia nunca ficaram contratualmente obrigadas a gastar mais de 400 mil euros cada uma.  
Esta questão em torno do Red Bull Air Race faz-me um bocadinho de confusão, primeiramente pelo facto de ter sido retirado ao Porto e Gaia um evento que trazia um grande dinamismo económico à cidade, e segundo pelos valores envolvidos com a Câmara de Lisboa, o Município de Oeiras e o Turismo de Lisboa. Podemos sempre pensar que o apoio comercial vai surgir, mas caso isso não aconteça, será legítimo se gastar aproximadamente 3,5 milhões de euros, de dinheiro público, num evento que só aparece na televisão no dia que passa por Portugal. Porque sejamos sinceros quem é que acompanha o Red Bull Air Race, ao longo de toda a época, provavelmente quase ninguém em Portugal. Daí achar que não se deve apostar tanto, para se ver uns aviões a pairar pelo ar, para isso a força aérea portuguesa faz secções idênticas e gratuitas. E preferia que esse dinheiro fosse investido em necessidades básicas de Lisboa e Oeiras, contribuindo para melhorar a vida das pessoas.
Gostaria de fazer um simples comentário sobre a mudança do evento para Lisboa. Independentemente de considerar o Red Bull Air Race um grande espectáculo ou não, a verdade é que trazia muito dinamismo ao comércio das duas metrópoles. E fico um pouco triste ao ver que governo nacional deixa o Norte e o Porto sujeitos a si mesmo. A verdade é que o número de eventos em Lisboa não tem sequer comparação, com o número existente no Porto ou restante País. Acho que é chegado o momento de se adquirir consciência dos graves problemas que estão a surgir com o centralismo Lisboeta em várias matérias, chega de dogmatismos e é tempo de empregar esforços em tornar várias cidades portuguesas dinâmicas, culturais, e fortemente competitivas, e não deixar por sua própria conta várias cidades, apoiando constantemente Lisboa, Lisboa, Lisboa…
 

 

publicado por João Soares Rodrigues às 15:21
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Novembro 05 2009

 José Sócrates anunciou o aumento 1,25 % das pensões até 630 euros.

 

O que me preocupa relativamente a este aumento é, mais uma vez se tentar camuflar a questão das pensões mais baixas. As pensões mais baixas estão na ordem dos 200 euros, este montante é atribuído por invalidez, e aos idosos como meio de subsistência.
É inquietante saber que pessoas que por algum motivo sofrem de incapacidades superiores a 65%, tenham de viver com 200 euros por mês, ou então, idosos que necessitam de vários medicamentos, tenham de viver com uma quantia tão baixa.
José Sócrates justifica o “elevado” aumento de 1,25%, tendo em conta o valor da inflação, que assim, representa um aumento real do poder de compra superior a dois por cento, para os pensionistas com pensões mais baixas.
De uma vez por todas, temos de pensar nos idosos e pessoas inválidas, que não podem continuar a viver com rendimentos ridículos, tendo de gastar parte desses rendimentos em medicamentos, ou seja, tendo de viver com pouco mais de 100 euros por mês.
Reflectindo sobre o valor da inflação era uma boa oportunidade para aumentar realmente estas pensões, para tentar a convergência com o ordenado mínimo. Enquanto isso não for feito, continuaremos a ser um país pouco desenvolvido, porque tanto os idosos, como pessoas que de uma forma ou outra sofrem de uma deficiência merecem viver com dignidade. Não são aumentos de 2,5€ ou 3€ que dão qualidade de vida a essas pessoas.
Com maior controlo na despesa decerto que era possível ajudar mais estas pessoas, em vez disso, o governo preocupa-se em anunciar aumentos que deveria ter vergonha.

 

publicado por João Soares Rodrigues às 15:30
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Novembro 02 2009

Como me debruço sobre um tema nunca antes falado

 

Anda por aí uma gripe. Não é daquelas que se faz “atchim” e, pronto, a mãe lá põe a mãozinha na testa, aflita, e “deixa-me medir-te a temperatura”, lá diz e assim se descobre como se pode ficar uns dias de cama, de termómetro debaixo do braço, para, no final, se recuperar com uma força renovada. Ora, a essa gripe recorrente, resolveram chamar-lhe, muito gentilmente, de gripe sazonal. Mas há uns tempos prá cá (não sei se têm ouvido), resolveu aparecer uma estirpe gripal diferente. Ela chegava, e as crianças, ao invés de fazerem atchim, e ficarem de cama com febre, também ficavam com vómitos, dores, enfim, um autêntico carrossel de sintomas. Então, como as televisões começaram a falar muito sobre essa tal,( como é que é mesmo)??Gripe A, as pessoas começaram a ficar assustadas e os panfletos para a prevenção disseminaram-se pelo país mais rápido do que a própria gripe (Ah!). Ora, que essa gripe mal vinda (como se atreveu?), diz que veio do México e foi num ápice que se propagou a toda a Europa. Cá em Portugal, houve uma linha, a que chamam, de forma muito eficiente e sagaz, 24 horas, a fim de encaminhar os “gripandos” (porque não se adopta este neologismo?) para o devido local, hospitais, farmácias, ou, na maior parte dos casos, para esse concelho tão sempre delicado,o chamado“repouso”. Mas não se pense que o Ministério da Saúde português ficou por aqui. Não. Sabão azul e desinfectante para as mãos foram também colocados nos WCs públicos e de empresas privadas (em casa não, em casa fica ao vosso critério, mas digo já que o Continente tem à disposição um gel desinfectante por um preço muito económico). Nas escolas, o cuidado foi redobrado, até porque as crianças são a vítima preferencial desta gripe A. Se antes a criança, quando se portava mal, tinha de se virar de costas para a parede (sempre fui contra este terrível e humilhante castigo), agora, o esquema é mais ou menos este: “Ai é, tens gripe A? Toca a ir para a sala de isolamento.” É traumatizante para uma criança, na minha modesta opinião. Ultimamente, anda por aí uma tal de Pandemrix (só o nome já dá vontade de espirrar). Para os mais acautelados, não se assustem. É só a vacina para liquidar essa malvada gripe A. Apesar de haver correntes a favor e contra, ontem ouvi o Marcelo Rebelo de Sousa dizer, com base na OMS, que os portugueses se deviam vacinar. E como em Portugal é Deus no Céu e Marcelo na Terra, vou confiar no seu (sempre) sábio concelho.

publicado por Catarina Pinho às 14:51
editado por João Soares Rodrigues em 23/12/2009 às 17:20
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Outubro 22 2009

 

 
Não quero com este texto assumir uma posição a favor ou contra esta prática, simplesmente pretendo efectuar uma reflexão sobre determinados aspectos inerentes à praxe.
É importante reflectir sobre algumas incoerências que esta tradição contém, tendo como ponto de partida de análise o código da praxe de Coimbra.
Para começar, falamos de um “código” de praxe, sem qualquer força vinculativa. No entanto, esse mesmo código é invocado múltiplas vezes como sendo algo que se deve cumprir e, segundo o prescrito no artigo 2.º do código de praxe, o estudante da Universidade de Coimbra está activamente vinculado à praxe. Esse mesmo Código, é revisto e modificado pelo conselho de veteranos, ou seja, um conselho formado pelos alunos que têm mais matriculas, aqueles que, supostamente, e, na grande maioria, não deveriam ser exemplo para ninguém.
No que diz respeito às sanções que este documento infeliz (código de praxe) tenta aplicar, irei transcrever só uma alínea do documento. “A infracção ao que se dispõe neste artigo traduzir-se-á em rapanço, se as crinas do animal tiverem mais de dois dedos de comprimento, ou sanção de unhas no caso contrário, a aplicar por trupe”. Nenhum documento externo à lei que rege a democracia portuguesa pode aplicar qualquer tipo de coação, com vista a restringir os direitos fundamentais dos cidadãos. Neste caso, o que está em causa são os denominados caloiros e a respectiva proibição de circularem na rua a partir da meia-noite. Diga-se, de passagem, que tudo isto é ridículo e constitui uma afronta gravíssima ao que se encontra referido na Constituição da República Portuguesa, nomeadamente nos artigos que concernem à defesa dos direitos e liberdades fundamentais.
 
Mais uma vez, volto a frisar que não sou contra a prática de praxes. Contudo, a sua aplicação deve respeitar os devidos limites, uma vez que cada pessoa é livre de aceitar ser praxado ou não. Todavia, sou contra a existência de um pretenso código, que se encontra disponível numa instituição pública, e que a única coisa que contém é um conjunto de palavras que são uma ofensa à dignidade humana, aos direitos, liberdades e garantias instituídos no estado de direito português.
 
Assim sendo, e, para concluir, espero que não existam muitos adeptos da vida universitária a invocar um documento sem qualquer valor vinculativo, para através dele humilhar colegas que acabam de chegar a uma instituição de todos e para todos. Respeitando assim o que é dito no artigo 13.º, n.º 1 da Constituição “ todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”.
 
Com esta análise, espero ter incorrido nas consciências individuais dos leitores a fim de que, no futuro, se assista a mais praxes de integração e não de humilhação.
 
publicado por João Soares Rodrigues às 00:10
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