É impossível que ainda não tenham reparado. O Natal está aí. Sim, é verdade, eu no início também não acreditei. Afinal, ainda nem é Dezembro, embora estejamos a poucas horas disso. As luzes natalícias invadiram as cidades, sob a forma do “pisca pisca” ou, então, num formato mais moderno, em que a luz percorre todo o perímetro do espaço de uma bola ou estrela, repetidamente. Não digo que não seja bonito. Mimar o espírito de uma população que sofre, na generalidade, o desaire de uma vida precária, é algo nobre e sadio. Mas as discrepâncias que existem no confronto entre este panorama bonacheirão, leve e descontraído e a vida real das pessoas, tornam esta pré-quadra (quase como uma pré-campanha, ou talvez, de facto uma pré-campanha) a tender para o surreal. O consumismo já deu o que tinha a dar – os portugueses bem podem confirma-lo. Mas a época natalícia exige um esforço extra no regresso do recurso às “comprinhas”. Há de tudo, para todos os gostos. É inimaginável a quantidade de coisas que um cidadão comum pode adquirir, escutando ora os conselhos da Popota, ora os da Leopoldina (aqui poderia entrar um comentário muito sui generis sobre o quão viajada é a Popota, ao contrário da Leopoldina, mas não quero influenciar escolhas).
Há quem diga que gosta imenso do Natal. Há quem diga que o abomina. Por mim, detesto aquilo em que o tornámos (ok, ok, excluindo os ferrero rocher…).