FISSURAS

Junho 04 2010

 

Kazuo Ohno morreu no passado dia 1 de Junho. Desempenhou as funções de bailarino e coreógrafo durante mais de 50 anos, tendo deixado os palcos aos 95 anos de idade. A imagem figura na capa do álbum "The Crying Light", da autoria de Antony and the Johnsons.

 

 

Professor de Educação Física. Soldado. Prisioneiro de guerra. Experiências que passaram por uma alma em contínuo aperfeiçoamento. Pouco conhecido das massas: verdade. Mas basta ver uma imagem do bailarino nipónico para se prostrar perante a autenticidade da mesma: a expressividade com que se compunham os traços de Ohno, as rugas cravadas como rugosidades do tronco de uma árvore simultaneamente frondosa - no arrebate da dança - e seca – no lento pulsar dos sons que a incorporam, constituem sinónimo de uma natureza sem igual. Ohno entrava na dança – não se deixava dominar por ela. Poder-se-ia mesmo dizer: Ohno era dança; dança contemporânea. Essa força impetuosa durou até aos 103 anos – porque a vida cessa; porque o corpo humano cede.

Morreu um sopro de vida que era quase morte – e, por assim ser, o êxtase de uma alma que o era a mais, por a ter exposto de uma forma inexplicavelmente bela.

publicado por Catarina Pinho às 11:07
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