FISSURAS

Janeiro 13 2010

 

 Imagem retirada da página redbullairrace.com.
Se não aparecerem patrocínios suficientes que permitam angariar 3,5 milhões de euros necessários à realização do evento, esse dinheiro será pago pela Câmara de Lisboa (50%), pela de Oeiras (25%) e pelo Turismo de Lisboa (25%).
Já no que diz respeito as autarquias de Porto e Gaia nunca ficaram contratualmente obrigadas a gastar mais de 400 mil euros cada uma.  
Esta questão em torno do Red Bull Air Race faz-me um bocadinho de confusão, primeiramente pelo facto de ter sido retirado ao Porto e Gaia um evento que trazia um grande dinamismo económico à cidade, e segundo pelos valores envolvidos com a Câmara de Lisboa, o Município de Oeiras e o Turismo de Lisboa. Podemos sempre pensar que o apoio comercial vai surgir, mas caso isso não aconteça, será legítimo se gastar aproximadamente 3,5 milhões de euros, de dinheiro público, num evento que só aparece na televisão no dia que passa por Portugal. Porque sejamos sinceros quem é que acompanha o Red Bull Air Race, ao longo de toda a época, provavelmente quase ninguém em Portugal. Daí achar que não se deve apostar tanto, para se ver uns aviões a pairar pelo ar, para isso a força aérea portuguesa faz secções idênticas e gratuitas. E preferia que esse dinheiro fosse investido em necessidades básicas de Lisboa e Oeiras, contribuindo para melhorar a vida das pessoas.
Gostaria de fazer um simples comentário sobre a mudança do evento para Lisboa. Independentemente de considerar o Red Bull Air Race um grande espectáculo ou não, a verdade é que trazia muito dinamismo ao comércio das duas metrópoles. E fico um pouco triste ao ver que governo nacional deixa o Norte e o Porto sujeitos a si mesmo. A verdade é que o número de eventos em Lisboa não tem sequer comparação, com o número existente no Porto ou restante País. Acho que é chegado o momento de se adquirir consciência dos graves problemas que estão a surgir com o centralismo Lisboeta em várias matérias, chega de dogmatismos e é tempo de empregar esforços em tornar várias cidades portuguesas dinâmicas, culturais, e fortemente competitivas, e não deixar por sua própria conta várias cidades, apoiando constantemente Lisboa, Lisboa, Lisboa…
 

 

publicado por João Soares Rodrigues às 15:21
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Janeiro 12 2010

 

 

O Partido Popular Monárquico pretende alterar a constituição e referendar a monarquia.
Manuel Beninger membro partidário do PPM, adiantou que “a república é o resultado de uma minoria”. Esta declaração tem o seu toque de humor, pelo menos no meu ver, porque realmente a república até pode ser vontade de uma minoria (algo que não acredito), mas vamos supor que sim, e se for esse o caso, o que é que se pode chamar ao regime monárquico? Talvez seja a vontade da maioria, que determinadas pessoas, sem o mínimo mérito que os distinga do resto da população, sejam escolhidas para governar ou comandar os destinos da nação, escolha feita porque “alguém” teve a felicidade de ser o primeiro filho de um rei. De facto tudo isto faz todo o sentido, mas não na nossa época.
Gostava ainda de realçar mais uma declaração do senhor Manual Beninger, ao afirmar que “queremos uma lei fundamental igual para todos”. Será que essa lei fundamental, que é a Constituição da República Portuguesa, é assim tão desigual? E supondo que é, ao substituirmos o Presidente da Republica que é eleito por todos os cidadãos, por um rei, estamos realmente a tornar a lei fundamental igual para todos? Na minha opinião não, até porque, este regime prima pela desigualdade, visto que, o rei é uma pessoa como já disse sem o mínimo mérito para comandar o país, simplesmente por descender de determinada família, para mim, não é condição suficiente para se comandar os destinos de uma nação. É de facto uma desigualdade que a Constituição não pode abarcar. Mas podemos falar de outra desigualdade, os reis até ver, são somente do sexo masculino, limitando as mulheres a um cargo meramente secundário, assim sendo, acho que não preciso de me esforçar mais para demonstrar a desigualdade deste regime político.
Peço desculpa pela dureza do texto, mas considero lamentável que, nos dias de hoje, ainda se fale na possibilidade de um regime monárquico, porque nenhuma família deve possuir um exclusivo de governação de um determinado território, só porque sim.
Para finalizar o post, extrai uma frase do presidente do PPM, que se encontra no texto inicial do site do partido e  resume tudo o que sou contra neste regime, “ a autoridade Real encontra-se precisamente na sua não eleição, tal qual os que nos antecedem no seio de cada família”.
publicado por João Soares Rodrigues às 00:51
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Dezembro 30 2009

 

 
Estamos no ano de 2009. Daqui a pouquíssimo tempo, entraremos, com o pé escolhido, em 2010. Sinceramente, não compreendo o poder desta época. As energias positivas pairam no ar – alheiam-se as vicissitudes do quotidiano, o sorriso desponta mais facilmente – porquê? Não sei. Ninguém sabe. Talvez seja por isso – o contorno enigmático de que o desconhecido se reveste  - que a entrada em 2010 comporte a proporção a que já nos habituámos aquando os reveillons anteriores: festas, música, excessos. Aparte o facto de ser mais um dia que chega, são os números da novidade que contam. E, com eles, a esperança, que nunca cessa.
publicado por Catarina Pinho às 15:35

Dezembro 23 2009

 

No culminar do ano musical, apresento os cinco  álbuns que mais me deliciaram.

1.º   Sunset Rubdown - Dragonslayer

 

 

2.º  The Rural Alberta Advantage - Hometowns

 

 

3.º  Antony & the Johnsons - The crying light

 

 

4.º  White Rabbits - It's Frightening

 

 

5.º  Andrew Bird - Noble Beast

 

 

 

 

publicado por João Soares Rodrigues às 16:12
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Dezembro 17 2009

O pessimismo anda no ar. E parece já ser um factor incontornável – não fosse o “choque” gritante entre os países em desenvolvimento (G77) e países desenvolvidos (G8) que começa, antes de ambientalismos de qualquer espécie, nas diferentes formas de olhar o mundo - cada qual do seu respectivo ângulo. Daí a sensibilidade e consequente fragilidade desta cimeira que desde o início não trouxe os melhores prenúncios. A Europa tem sido uma mediadora de conflitos entre as nações subdesenvolvidas e/ou emergentes – nomeadamente a China, uma das principais nações poluidoras que se propôs a uma redução considerável da libertação de dióxido de carbono até 45% - e os EUA – que ainda não firmaram uma meta minimamente consensual. E se no meio desta onda de preocupação ambiental constante ninguém parece entender-se no cerne da questão – redução efectiva das emissões de dióxido de carbono – a verdade é que países como Bangladesh, Argentina e Mauritânia, em que a seca se afirma como o topo das realidades já visíveis e palpáveis, vão sucumbindo às feridas da Natureza. Exemplo disso é o avanço do deserto, na Mauritânia, em cerca de 10 km por ano – terreno que morre, assim, aos poucos, enquanto que, por Copenhaga, líderes e mediadores tentam concertar o que já pouco tem de concerto. Entre mitigação e adaptação a climas mais quentes, o caminho escolhido não permitirá qualquer via de retorno.

 

publicado por Catarina Pinho às 15:38
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Dezembro 11 2009

publicado por João Soares Rodrigues às 14:33
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Novembro 30 2009

 

É impossível que ainda não tenham reparado. O Natal está aí. Sim, é verdade, eu no início também não acreditei. Afinal, ainda nem é Dezembro, embora estejamos a poucas horas disso. As luzes natalícias invadiram as cidades, sob a forma do “pisca pisca” ou, então, num formato mais moderno, em que a luz percorre todo o perímetro do espaço de uma bola ou estrela, repetidamente. Não digo que não seja bonito. Mimar o espírito de uma população que sofre, na generalidade, o desaire de uma vida precária, é algo nobre e sadio. Mas as discrepâncias que existem no confronto entre este panorama bonacheirão, leve e descontraído e a vida real das pessoas, tornam esta pré-quadra (quase como uma pré-campanha, ou talvez, de facto uma pré-campanha) a tender para o surreal. O consumismo já deu o que tinha a dar – os portugueses bem podem confirma-lo. Mas a época natalícia exige um esforço extra no regresso do recurso às “comprinhas”. Há de tudo, para todos os gostos. É inimaginável a quantidade de coisas que um cidadão comum pode adquirir, escutando ora os conselhos da Popota, ora os da Leopoldina (aqui poderia entrar um comentário muito sui generis sobre o quão viajada é a Popota, ao contrário da Leopoldina, mas não quero influenciar escolhas).
Há quem diga que gosta imenso do Natal. Há quem diga que o abomina. Por mim, detesto aquilo em que o tornámos (ok, ok, excluindo os ferrero rocher…).
publicado por Catarina Pinho às 13:21
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Novembro 27 2009

 

Há quem lhe chame “crise”. O que eu sei é que na situação em que actualmente vivemos já se formou uma autêntica tempestade, já choveram aguaceiros, e, veja-se, ainda se fala na nuvem negra. Com isto quero eu dizer que devemos chamar as coisas pelos nomes. Há quatro períodos que a economia atravessa – crescimento, crise, recessão e retoma. A crise, que corre noticiários com uma displicência incorrigível, já ficou para trás, mas, como a gíria ensina e muito bem, “ó tempo”. Ande-se um pouco atrás no retroprojector da memória e recorde-se as palavras de uma ascensão metafórica não pouco mordaz, em que Durão Barroso clamava aos portugueses, (num tom algo trágico, como mandava a ocasião), “o país está de tanga”. Ora como é dever de qualquer cidadão informar, pois aqui vai a má nova: a tanga já caiu, meus amigos. “Ó tempo”….
P.S. Fala-se muito agora em retoma. Esta passagem de crise - que significa perturbação da economia – para a retoma, assim, do pé prá mão, ignorando-se a temerária recessão, ao recear entoar a palavra, traz água no bico.
publicado por Catarina Pinho às 14:46
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Novembro 21 2009

 

 

 

Simplesmente Magnífico...

publicado por João Soares Rodrigues às 20:31
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Novembro 17 2009

 

O compasso, indiferente à volúpia que a ansiedade vem escrever nas ruas da cidade, percorre as agruras do inalterável. Chovem chafarizes de água monótona. Hoje a noite vestiu-se de chuva e, passiva, estendeu os carros sobre o pavimento molhado. São nove da noite. Ou talvez dez. A hora mudou e nós mudámos com ela. É sempre tarde. Nunca há ir e voltar quando se volta sempre. E a madrugada não permite insónias, só as que se permitem madrugar. Choveu mesmo muito, hoje. E as pessoas correm pelos passeios em cujas beiras se aglomeram lençóis de água e restos de lixo que já foi novo, por usar. Ninguém se apercebe, mas quiseram os homens que chovesse hoje. E a chuva caiu, serena, sem tocar ninguém (porque ninguém realmente a sente tocar-lhe). Hoje são chuvas de que amanhã não nos lembraremos. Hoje é Outono cerrado. Hoje é dia que vai morrer. Morram as lembranças vãs com ele. Role este pensamento pelas s ruas, junto com o lixo que já foi novo, por usar.


 

publicado por Catarina Pinho às 18:18

Novembro 16 2009

David Fonseca lançou no passado dia 2 de Novembro o mais recente álbum de originais, intitulado Between Waves, conjugando vários estilos como pop rock, alternativo e indie.
Para além do single cry 4 love, existem ao longo do albúm músicas de uma beleza incrível, finalizando com a perfeição de this one so different.
Na minha opinião, between Waves é ums dos melhores álbuns que tive a oportunidade de ouvir, no decorrer deste ano. Só o posso recomendar, como sendo um produto nacional de imensa qualidade, que consegue competir, ou mesmo ultrapassar alguns dos “grandes” mundiais.

 

 

Ao fazer referência ao álbum de David Fonseca, aproveito também para evidenciar os Sean Riley & The Slowriders, uma banda que nos presenteou no decorrer do ano com o seu novo albúm Only Time Will Tell. Um conjunto de canções, com claras influências norte-americanas patentes ao longo das diversas melodias, com uma certa tendência para o country, e atingindo quase a perfeição com o single house and wives e this woman. Um álbum que recomendo vivamente, como sendo uma banda diferente em Portugal.

 

publicado por João Soares Rodrigues às 01:14
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Novembro 09 2009

 

FlashFoward é a nova série produzida pela ABC, com base no romance escrito por Robert J. Sawyer.
O episódio piloto deixa logo em aberto muitos mistérios por desvendar, visto que, alguma coisa origina que todas as pessoas, ou quase todas, desmaiem simultaneamente por 2 minutos e 17 segundos, e durante esse desmaio cada pessoa visualiza um “flashforward” da sua vida seis meses no futuro.
Uma série que pretende de certa forma substituir o final de Lost.  
Esperemos que seja uma boa série, e que não tenha como propósito somente “prender” o público ao ecrã.
 
publicado por João Soares Rodrigues às 17:51

Novembro 05 2009

 José Sócrates anunciou o aumento 1,25 % das pensões até 630 euros.

 

O que me preocupa relativamente a este aumento é, mais uma vez se tentar camuflar a questão das pensões mais baixas. As pensões mais baixas estão na ordem dos 200 euros, este montante é atribuído por invalidez, e aos idosos como meio de subsistência.
É inquietante saber que pessoas que por algum motivo sofrem de incapacidades superiores a 65%, tenham de viver com 200 euros por mês, ou então, idosos que necessitam de vários medicamentos, tenham de viver com uma quantia tão baixa.
José Sócrates justifica o “elevado” aumento de 1,25%, tendo em conta o valor da inflação, que assim, representa um aumento real do poder de compra superior a dois por cento, para os pensionistas com pensões mais baixas.
De uma vez por todas, temos de pensar nos idosos e pessoas inválidas, que não podem continuar a viver com rendimentos ridículos, tendo de gastar parte desses rendimentos em medicamentos, ou seja, tendo de viver com pouco mais de 100 euros por mês.
Reflectindo sobre o valor da inflação era uma boa oportunidade para aumentar realmente estas pensões, para tentar a convergência com o ordenado mínimo. Enquanto isso não for feito, continuaremos a ser um país pouco desenvolvido, porque tanto os idosos, como pessoas que de uma forma ou outra sofrem de uma deficiência merecem viver com dignidade. Não são aumentos de 2,5€ ou 3€ que dão qualidade de vida a essas pessoas.
Com maior controlo na despesa decerto que era possível ajudar mais estas pessoas, em vez disso, o governo preocupa-se em anunciar aumentos que deveria ter vergonha.

 

publicado por João Soares Rodrigues às 15:30
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Novembro 02 2009

Como me debruço sobre um tema nunca antes falado

 

Anda por aí uma gripe. Não é daquelas que se faz “atchim” e, pronto, a mãe lá põe a mãozinha na testa, aflita, e “deixa-me medir-te a temperatura”, lá diz e assim se descobre como se pode ficar uns dias de cama, de termómetro debaixo do braço, para, no final, se recuperar com uma força renovada. Ora, a essa gripe recorrente, resolveram chamar-lhe, muito gentilmente, de gripe sazonal. Mas há uns tempos prá cá (não sei se têm ouvido), resolveu aparecer uma estirpe gripal diferente. Ela chegava, e as crianças, ao invés de fazerem atchim, e ficarem de cama com febre, também ficavam com vómitos, dores, enfim, um autêntico carrossel de sintomas. Então, como as televisões começaram a falar muito sobre essa tal,( como é que é mesmo)??Gripe A, as pessoas começaram a ficar assustadas e os panfletos para a prevenção disseminaram-se pelo país mais rápido do que a própria gripe (Ah!). Ora, que essa gripe mal vinda (como se atreveu?), diz que veio do México e foi num ápice que se propagou a toda a Europa. Cá em Portugal, houve uma linha, a que chamam, de forma muito eficiente e sagaz, 24 horas, a fim de encaminhar os “gripandos” (porque não se adopta este neologismo?) para o devido local, hospitais, farmácias, ou, na maior parte dos casos, para esse concelho tão sempre delicado,o chamado“repouso”. Mas não se pense que o Ministério da Saúde português ficou por aqui. Não. Sabão azul e desinfectante para as mãos foram também colocados nos WCs públicos e de empresas privadas (em casa não, em casa fica ao vosso critério, mas digo já que o Continente tem à disposição um gel desinfectante por um preço muito económico). Nas escolas, o cuidado foi redobrado, até porque as crianças são a vítima preferencial desta gripe A. Se antes a criança, quando se portava mal, tinha de se virar de costas para a parede (sempre fui contra este terrível e humilhante castigo), agora, o esquema é mais ou menos este: “Ai é, tens gripe A? Toca a ir para a sala de isolamento.” É traumatizante para uma criança, na minha modesta opinião. Ultimamente, anda por aí uma tal de Pandemrix (só o nome já dá vontade de espirrar). Para os mais acautelados, não se assustem. É só a vacina para liquidar essa malvada gripe A. Apesar de haver correntes a favor e contra, ontem ouvi o Marcelo Rebelo de Sousa dizer, com base na OMS, que os portugueses se deviam vacinar. E como em Portugal é Deus no Céu e Marcelo na Terra, vou confiar no seu (sempre) sábio concelho.

publicado por Catarina Pinho às 14:51
editado por João Soares Rodrigues em 23/12/2009 às 17:20
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Novembro 01 2009

  

O primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, diz que tenciona manter-se em funções, mesmo que seja condenado por corrupção, com o argumento de defender a democracia e o Estado de Direito.

 

As palavras deste “ilustre” senhor pecam porque, ridiculariza a função dos tribunais italianos ao afirmar que a condenação seria injusta. E se hipoteticamente for condenado, afirma-se como o salvador que pretende continuar em funções para lutar contra aqueles que injustamente o condenaram, ou seja, um tribunal imparcial, composto por um juiz ou juízes supostamente imparciais.

 

Tudo isto até poderia parecer normal mas, torna-se supeito que seis semanas após o regresso de Berlusconi ao poder tenha sido aprovada a lei Alfano, que visava dar imunidade ao chefe de Governo enquanto estivesse em funções.

 

A lei Alfano foi anulada pelo Tribunal Constitucional, alegando a violação do princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei. Quando soube da decisão, Berlusconi tratou de acusar juízes, imprensa e o Presidente da República de parcialidade de esquerda.

 

Reflectindo sobre esta matéria, não será estranho que Sílvio Berlusconi que se diz inocente, ter tentado aprovar uma lei que lhe conferia imunidade enquanto desempenha-se as funções de primeiro-ministro. Uma lei que por sinal devia ser uma vergonha para qualquer chefe de estado, aproveitando-se da sua posição, para autoproclamar-se superior a todos os cidadãos, não estando abrangido pelas normas legais destinadas a todos. Será uma espécie de “santo”?

 

Felizmente a lei não foi aprovada e a revogação da lei Alfano, a 7 de Outubro, fez com os processos anteriormente suspensos fossem reabertos. É usual dizer que quem não deve não teme, e assim sendo, penso que é horrível um primeiro-ministro dizer que mesmo que seja condenado, não abdica do poder, em prol de um estado democrático, diga-se de passagem que ninguém é dono da verdade e um verdadeiro estado de direito aceita as decisões dos seus tribunais, como estrutura essencial desse mesmo Estado.

 

publicado por João Soares Rodrigues às 22:28
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Outubro 28 2009

 

 

 

Julian Beever é um artista inglês que cria desenhos tridimensionais servindo-se do giz como material. Aplica a técnica de projecção intitulada de anamorfose, que cria uma ilusão 3D quando a imagem é visualizada a partir de determinado ângulo.  

 

publicado por João Soares Rodrigues às 15:10
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Outubro 22 2009

 

991 395 habitante numa só cidade. A pergunta que se insurge é, a título de exemplo, esta: mas que cidade detém tal quantificação populacional? Pertencente ao Estado Federal Alemão, Colónia arrebata a estatística. Mas não é só isso que Colónia arrebata: são passos despidos de discórdia, é gente pelo labirinto das ruas por visitar (tantas que se perdem umas às outras), é o dia tão curto para a conhecer, e, (ah, aflição!), ela mesma pronta a ser absorvida, e o tempo esgotando-se, assim, desprendido de nós. Esta é uma das coisas que sempre gostei de cidades como Colónia: lá as coisas são maiores do que as pessoas. Quando menos se está à espera, cai-se na vontade de atirar os panfletos informativos ao ar e ir, sem rumo certo, conhecer a história das coisas, contada por elas próprias. A catedral de Dom, simbolo da arte gótica, é exemplo perfeito desse fenómeno: a monumentalidade que nos cilindra constitui, por si só, um anestesiante sensorial.

 

 

 Mas mais do que essa característica que a torna um alvo turístico por excelência ( perde-se o rosto aos turistas que entram e saiem, numa roda viva permanente), é a história que ela deixa em aberto, o motivo pelo qual nos recompomos e avançamos. Qual livro por desfolhar, as páginas que deixa suspensas estão no seu interior, este, igualmente magnânime. O tempo idoso que a Dom invoca deixa antever as inesgotáveis vezes que ela viu crescer a cidade. Viu ruas nascerem, lojas e cafés abrindo, mercados em alvoroço, pessoas de um lado para o outro, as mesmas lojas e cafés fechando, outras abrindo nos mesmos lugares. A cidade transformou-se e Dom sempre a acompanhou desde que, há pouco menos de mil anos, se viu edificada. Quando a segunda guerra mundial a interpelou, Dom, tal como a cidade, resistiu. O fogo entrou no seu interior e parte da catedral acabou destruída. A cor enegrecida de que se reveste é rasto desse encontro sinuoso entre a guerra e a cultura, história sem a qual Dom, inevitavelmente, não teria o mesmo encanto. Porque é esse misticismo da dor vencida, da mágoa de se ter visto despojada de forças, e, simultaneamente, do orgulho na cura da ferida, que nos faz abrir e fechar o queixo, uma e outra vez. Dias e dias correm à frente da catedral e ela a tudo resiste, austera, infalível às marcas do tempo. Astro em torno do qual toda a Colónia gravita, é símbolo da resistência alemã. Para além das suas portas, está a história que nunca se deixa calar. Quem a vê uma vez, nunca mais a esquece.

 
 

 

publicado por Catarina Pinho às 00:38
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