FISSURAS

Janeiro 13 2010

 

Pessoas vagueiam pelos escombros. Há gente ainda soterrada. Há quem pergunte a Deus “porquê nós?” . Uma mulher leva a filha pelo colo, sem saber bem para onde vai, para onde ir. Em todo o lado há uma espécie de grito omnipresente que ecoa através das imagens que chegam pela TV e pela Internet. Em todo o lado ouvimos esse grito lancinante, ensurdecedor, o culminar do império do caos. Caos que é total, que invade um dos países mais pobres do mundo. “Continuo a perguntar, porquê nós, os haitianos?” – a pergunta ressoa pelo espectro do aparelho televisivo. Tenho a impressão que não é ela que deveria estar ali, a perguntar aquilo. Tenho a impressão de que o caos não é só o sismo de magnitude 7 na escala de Richter, um dos 15 mais intensos de todos os tempos, que incidiu num dos países mais pobres do mundo, o Haiti, agora derrubado pela Natureza. Tenho a impressão de que a pergunta “porquê nós?” ressoa em mim, parte daqueles que passaram ao lado da tragédia. E essa impressão torna-se uma certeza e essa certeza vai estrangulando todas as certezas, até que a imagem da haitiana no centro da televisão não pára de me perseguir e só penso - que nojo de mundo.

 

 

 

publicado por Catarina Pinho às 15:27
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O Mundo vive. O Mundo evolui. E é graças a esse grandioso fenómeno que existimos. E também desaparecemos. Ainda que desta a situação seja trágica, nem por isso o Mundo deixou de ser como sempre foi - mutável. Nós seres humanos, racionais, somos parte desse todo e como parte temos de limitar-nos à nossa pequena existência, efémera e tão bela. A dor produz felicidade. A destruição construção. O verdadeiro segredo da felicidade é sabermos viver o tempo que nos é permitido. Nojento cara senhora, é o sentimento pequeno de infelicidade. Não o Mundo.
CAO a 14 de Janeiro de 2010 às 10:28

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