FISSURAS

Janeiro 21 2010

 

A teoria de Marx… a teoria de Marx é terrífica. E tanto mais o é quanto a sociedade de hoje – que não é a sociedade do século XIX – a espelha, clara e inevitavelmente. O filósofo alemão afirma que vivemos numa ditadura de proletariado e numa sociedade capitalista, em que o capital (nome que dá título ao livro onde expõe o seu ideário) é descrito como um ditador supremo, que domina a sociedade. Esta, para o servir, deve dedicar-se a um labor exaustivo. Este carácter de monstruosidade que o capital assume – qual cifrão impugnável que exige aos seus servos o suor do seu trabalho – demonstra bem a relação sinuosa entre capital e trabalho. Uma sociedade igualitária, pedia Marx. Os trabalhadores revoltaram-se. Formaram-se partidos. O acesso a formas de reivindicação por uma sociedade mais justa tornou-se o ar que faltava. A colectividade veio, anos mais tarde, assumir-se como uma luta identitária acirrada, em várias frentes, rumo a uma contemporaneidade futura, a que presenciamos hoje. Não somos todos iguais, Marx. Nem tão-pouco temos todos direitos idênticos – embora a Constituição assim o ostente. Mas aprendemos a organizar-nos colectivamente e a responder pelos nossos direitos. Oxalá a abulia dos direitos adquiridos não engula essa forma maravilhosa de exercer democracia, pela via mais puritana – a da cidadania. 

 

 

 

publicado por Catarina Pinho às 23:24
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Janeiro 13 2010

 

Pessoas vagueiam pelos escombros. Há gente ainda soterrada. Há quem pergunte a Deus “porquê nós?” . Uma mulher leva a filha pelo colo, sem saber bem para onde vai, para onde ir. Em todo o lado há uma espécie de grito omnipresente que ecoa através das imagens que chegam pela TV e pela Internet. Em todo o lado ouvimos esse grito lancinante, ensurdecedor, o culminar do império do caos. Caos que é total, que invade um dos países mais pobres do mundo. “Continuo a perguntar, porquê nós, os haitianos?” – a pergunta ressoa pelo espectro do aparelho televisivo. Tenho a impressão que não é ela que deveria estar ali, a perguntar aquilo. Tenho a impressão de que o caos não é só o sismo de magnitude 7 na escala de Richter, um dos 15 mais intensos de todos os tempos, que incidiu num dos países mais pobres do mundo, o Haiti, agora derrubado pela Natureza. Tenho a impressão de que a pergunta “porquê nós?” ressoa em mim, parte daqueles que passaram ao lado da tragédia. E essa impressão torna-se uma certeza e essa certeza vai estrangulando todas as certezas, até que a imagem da haitiana no centro da televisão não pára de me perseguir e só penso - que nojo de mundo.

 

 

 

publicado por Catarina Pinho às 15:27
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Janeiro 13 2010

 

 Imagem retirada da página redbullairrace.com.
Se não aparecerem patrocínios suficientes que permitam angariar 3,5 milhões de euros necessários à realização do evento, esse dinheiro será pago pela Câmara de Lisboa (50%), pela de Oeiras (25%) e pelo Turismo de Lisboa (25%).
Já no que diz respeito as autarquias de Porto e Gaia nunca ficaram contratualmente obrigadas a gastar mais de 400 mil euros cada uma.  
Esta questão em torno do Red Bull Air Race faz-me um bocadinho de confusão, primeiramente pelo facto de ter sido retirado ao Porto e Gaia um evento que trazia um grande dinamismo económico à cidade, e segundo pelos valores envolvidos com a Câmara de Lisboa, o Município de Oeiras e o Turismo de Lisboa. Podemos sempre pensar que o apoio comercial vai surgir, mas caso isso não aconteça, será legítimo se gastar aproximadamente 3,5 milhões de euros, de dinheiro público, num evento que só aparece na televisão no dia que passa por Portugal. Porque sejamos sinceros quem é que acompanha o Red Bull Air Race, ao longo de toda a época, provavelmente quase ninguém em Portugal. Daí achar que não se deve apostar tanto, para se ver uns aviões a pairar pelo ar, para isso a força aérea portuguesa faz secções idênticas e gratuitas. E preferia que esse dinheiro fosse investido em necessidades básicas de Lisboa e Oeiras, contribuindo para melhorar a vida das pessoas.
Gostaria de fazer um simples comentário sobre a mudança do evento para Lisboa. Independentemente de considerar o Red Bull Air Race um grande espectáculo ou não, a verdade é que trazia muito dinamismo ao comércio das duas metrópoles. E fico um pouco triste ao ver que governo nacional deixa o Norte e o Porto sujeitos a si mesmo. A verdade é que o número de eventos em Lisboa não tem sequer comparação, com o número existente no Porto ou restante País. Acho que é chegado o momento de se adquirir consciência dos graves problemas que estão a surgir com o centralismo Lisboeta em várias matérias, chega de dogmatismos e é tempo de empregar esforços em tornar várias cidades portuguesas dinâmicas, culturais, e fortemente competitivas, e não deixar por sua própria conta várias cidades, apoiando constantemente Lisboa, Lisboa, Lisboa…
 

 

publicado por João Soares Rodrigues às 15:21
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Janeiro 12 2010

 

 

O Partido Popular Monárquico pretende alterar a constituição e referendar a monarquia.
Manuel Beninger membro partidário do PPM, adiantou que “a república é o resultado de uma minoria”. Esta declaração tem o seu toque de humor, pelo menos no meu ver, porque realmente a república até pode ser vontade de uma minoria (algo que não acredito), mas vamos supor que sim, e se for esse o caso, o que é que se pode chamar ao regime monárquico? Talvez seja a vontade da maioria, que determinadas pessoas, sem o mínimo mérito que os distinga do resto da população, sejam escolhidas para governar ou comandar os destinos da nação, escolha feita porque “alguém” teve a felicidade de ser o primeiro filho de um rei. De facto tudo isto faz todo o sentido, mas não na nossa época.
Gostava ainda de realçar mais uma declaração do senhor Manual Beninger, ao afirmar que “queremos uma lei fundamental igual para todos”. Será que essa lei fundamental, que é a Constituição da República Portuguesa, é assim tão desigual? E supondo que é, ao substituirmos o Presidente da Republica que é eleito por todos os cidadãos, por um rei, estamos realmente a tornar a lei fundamental igual para todos? Na minha opinião não, até porque, este regime prima pela desigualdade, visto que, o rei é uma pessoa como já disse sem o mínimo mérito para comandar o país, simplesmente por descender de determinada família, para mim, não é condição suficiente para se comandar os destinos de uma nação. É de facto uma desigualdade que a Constituição não pode abarcar. Mas podemos falar de outra desigualdade, os reis até ver, são somente do sexo masculino, limitando as mulheres a um cargo meramente secundário, assim sendo, acho que não preciso de me esforçar mais para demonstrar a desigualdade deste regime político.
Peço desculpa pela dureza do texto, mas considero lamentável que, nos dias de hoje, ainda se fale na possibilidade de um regime monárquico, porque nenhuma família deve possuir um exclusivo de governação de um determinado território, só porque sim.
Para finalizar o post, extrai uma frase do presidente do PPM, que se encontra no texto inicial do site do partido e  resume tudo o que sou contra neste regime, “ a autoridade Real encontra-se precisamente na sua não eleição, tal qual os que nos antecedem no seio de cada família”.
publicado por João Soares Rodrigues às 00:51
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