FISSURAS

Outubro 28 2009

 

 

 

Julian Beever é um artista inglês que cria desenhos tridimensionais servindo-se do giz como material. Aplica a técnica de projecção intitulada de anamorfose, que cria uma ilusão 3D quando a imagem é visualizada a partir de determinado ângulo.  

 

publicado por João Soares Rodrigues às 15:10
Tags:

Outubro 22 2009

 

991 395 habitante numa só cidade. A pergunta que se insurge é, a título de exemplo, esta: mas que cidade detém tal quantificação populacional? Pertencente ao Estado Federal Alemão, Colónia arrebata a estatística. Mas não é só isso que Colónia arrebata: são passos despidos de discórdia, é gente pelo labirinto das ruas por visitar (tantas que se perdem umas às outras), é o dia tão curto para a conhecer, e, (ah, aflição!), ela mesma pronta a ser absorvida, e o tempo esgotando-se, assim, desprendido de nós. Esta é uma das coisas que sempre gostei de cidades como Colónia: lá as coisas são maiores do que as pessoas. Quando menos se está à espera, cai-se na vontade de atirar os panfletos informativos ao ar e ir, sem rumo certo, conhecer a história das coisas, contada por elas próprias. A catedral de Dom, simbolo da arte gótica, é exemplo perfeito desse fenómeno: a monumentalidade que nos cilindra constitui, por si só, um anestesiante sensorial.

 

 

 Mas mais do que essa característica que a torna um alvo turístico por excelência ( perde-se o rosto aos turistas que entram e saiem, numa roda viva permanente), é a história que ela deixa em aberto, o motivo pelo qual nos recompomos e avançamos. Qual livro por desfolhar, as páginas que deixa suspensas estão no seu interior, este, igualmente magnânime. O tempo idoso que a Dom invoca deixa antever as inesgotáveis vezes que ela viu crescer a cidade. Viu ruas nascerem, lojas e cafés abrindo, mercados em alvoroço, pessoas de um lado para o outro, as mesmas lojas e cafés fechando, outras abrindo nos mesmos lugares. A cidade transformou-se e Dom sempre a acompanhou desde que, há pouco menos de mil anos, se viu edificada. Quando a segunda guerra mundial a interpelou, Dom, tal como a cidade, resistiu. O fogo entrou no seu interior e parte da catedral acabou destruída. A cor enegrecida de que se reveste é rasto desse encontro sinuoso entre a guerra e a cultura, história sem a qual Dom, inevitavelmente, não teria o mesmo encanto. Porque é esse misticismo da dor vencida, da mágoa de se ter visto despojada de forças, e, simultaneamente, do orgulho na cura da ferida, que nos faz abrir e fechar o queixo, uma e outra vez. Dias e dias correm à frente da catedral e ela a tudo resiste, austera, infalível às marcas do tempo. Astro em torno do qual toda a Colónia gravita, é símbolo da resistência alemã. Para além das suas portas, está a história que nunca se deixa calar. Quem a vê uma vez, nunca mais a esquece.

 
 

 

publicado por Catarina Pinho às 00:38
Tags:

Outubro 22 2009

 

 
Não quero com este texto assumir uma posição a favor ou contra esta prática, simplesmente pretendo efectuar uma reflexão sobre determinados aspectos inerentes à praxe.
É importante reflectir sobre algumas incoerências que esta tradição contém, tendo como ponto de partida de análise o código da praxe de Coimbra.
Para começar, falamos de um “código” de praxe, sem qualquer força vinculativa. No entanto, esse mesmo código é invocado múltiplas vezes como sendo algo que se deve cumprir e, segundo o prescrito no artigo 2.º do código de praxe, o estudante da Universidade de Coimbra está activamente vinculado à praxe. Esse mesmo Código, é revisto e modificado pelo conselho de veteranos, ou seja, um conselho formado pelos alunos que têm mais matriculas, aqueles que, supostamente, e, na grande maioria, não deveriam ser exemplo para ninguém.
No que diz respeito às sanções que este documento infeliz (código de praxe) tenta aplicar, irei transcrever só uma alínea do documento. “A infracção ao que se dispõe neste artigo traduzir-se-á em rapanço, se as crinas do animal tiverem mais de dois dedos de comprimento, ou sanção de unhas no caso contrário, a aplicar por trupe”. Nenhum documento externo à lei que rege a democracia portuguesa pode aplicar qualquer tipo de coação, com vista a restringir os direitos fundamentais dos cidadãos. Neste caso, o que está em causa são os denominados caloiros e a respectiva proibição de circularem na rua a partir da meia-noite. Diga-se, de passagem, que tudo isto é ridículo e constitui uma afronta gravíssima ao que se encontra referido na Constituição da República Portuguesa, nomeadamente nos artigos que concernem à defesa dos direitos e liberdades fundamentais.
 
Mais uma vez, volto a frisar que não sou contra a prática de praxes. Contudo, a sua aplicação deve respeitar os devidos limites, uma vez que cada pessoa é livre de aceitar ser praxado ou não. Todavia, sou contra a existência de um pretenso código, que se encontra disponível numa instituição pública, e que a única coisa que contém é um conjunto de palavras que são uma ofensa à dignidade humana, aos direitos, liberdades e garantias instituídos no estado de direito português.
 
Assim sendo, e, para concluir, espero que não existam muitos adeptos da vida universitária a invocar um documento sem qualquer valor vinculativo, para através dele humilhar colegas que acabam de chegar a uma instituição de todos e para todos. Respeitando assim o que é dito no artigo 13.º, n.º 1 da Constituição “ todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”.
 
Com esta análise, espero ter incorrido nas consciências individuais dos leitores a fim de que, no futuro, se assista a mais praxes de integração e não de humilhação.
 
publicado por João Soares Rodrigues às 00:10
Tags:

Outubro 20 2009

publicado por João Soares Rodrigues às 17:29
Tags:

Outubro 20 2009

Fissura, de acordo com a 2ª edição (revista e actualizada!) do dicionário de Língua Portuguesa da Editora, tem como significado comum fenda. E é isso que nos propomos executar: fissurar o que nos chega por palavras, gestos, sons e impressões. Introspecção mecânica, avulsa; pegar nos factos e analisá-los à luz da nossa, sempre, admitamos, falível, perspectiva. Mas que não é mais do que o exprimir do pensamento numa sociedade que se diz pluralista, onde vemos a abulia a assomar como personagem principal no quotidiano de uma democracia em crise. Em crise ideológica, acima de tudo. Definirmo-nos enquanto seres individuais e pertencentes a uma comunidade passa por dar voz à nossa opinião, na verdadeira ascensão da palavra. Liberdade de expressão, é um dos direitos fundamentais do Homem, consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Vem entroncar no 10º lugar, pasme-se. Mas há sempre lugar para ela, por cá. Valorizá-la, é esse o nosso ponto de partida.


 

publicado por Catarina Pinho às 16:41

Outubro 2009
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

11
12
13
14
15
16
17

18
19
21
23
24

25
26
27
29
30
31


pesquisar
 
subscrever feeds
blogs SAPO